Foto de Joaquim Carvalho
Lenda da Lagoa das Furnas
A Lenda da Lagoa das Furnas é uma tradição da
ilha de São Miguel, no
arquipélago dos Açores, uma tentativa popular para explicar as
formações geológicas deixadas nas ilhas pelos
vulcões que lhe deram origem e forma.
Segundo a
lenda, há muitos anos no local onde actualmente se localizada a
Lagoa das
Furnas, existia uma bonita
aldeia onde as pessoas viviam felizes, faziam muitas festas e viviam quase sem trabalhar. Numa bela manhã de
céu e
sol claro, como era costume fazer na aldeia, um
rapaz saiu de casa para ir a uma
fonte próxima buscar água para as lides domésticas e para dar de beber aos seus animais.
Mas a
água que costumava ser sempre de agradável paladar estava estranhamente salgada, parecia água do
mar e o rapaz teve uma premonição que ia acontecer alguma coisa estranha na sua aldeia e com os seus conterrâneos. Correu para casa dos seus vizinhos para contar o que lhe acontecera, o que vira e o que pensara sobre o caso. Ninguém acreditou nas apreensões do rapaz, e alguns dias depois ele teve de voltar à fonte para ir buscar mais água.
No
lago em frente à nascente, para onde corria a bica da água, os
peixes saltavam na água e desta para terra, onde acabavam por morrer. Definitivamente convencido de algo ia acontecer à sua aldeia, correu para junto da população, mas novamente ninguém acreditou nele, a não ser o seu avô.
O idoso disse às pessoas da aldeia que parassem com os
bailes e com as festas; que um dos mais ligeiros habitantes da aldeia fosse a correr até ao pico mais alto em redor para ver o mar e olhar para o
norte, para tentar ver se havia alguma ilha no horizonte, alguma terra à vista a norte. Como ninguém o levou a sério, só o idoso e o seu neto subiram ao monte mais alto.
Quando lá chegaram, via-se no
horizonte terra nova, uma ilha despontava pelo meio da
bruma. Aflito, o idoso gritou para os aldeões que fugissem para a
igreja, vinha aí grande desgraça, no horizonte encontrava-se a
ilha encantada das
Sete Cidades. Novamente ninguém ligou, nem ao idoso nem ao seu neto. Possivelmente nem o ouviram de tão alta era a
música. Desceram ambos o monte, e depois de passarem pela igreja foram tratar dos animais e da vida imediata.
Passou um, dois dias e nada acontecia. O rapaz e o avô resolveram sair da aldeia para levarem os animais ao mercado da aldeia vizinha e por lá se demoraram alguns dias a negociar. Quando voltavam à sua aldeia, à medida que se foram aproximando foram-se apercebendo que as coisas estavam diferentes. Havia terra revoltada e
montanhas novas. Ao chegar ao lugar onde devia estar a sua aldeia, esta tinha desaparecido e no seu lugar encontrava-se uma grande lagoa de águas cristalinas e tranquilas. Fora um cataclismo que soterrara para sempre a aldeia.
As pessoas da
ilha de São Miguel, reza a lenda, acreditam que os aldeões continuam a viver debaixo das águas da lagoa, e que as borbulhas de
gás vulcânico que se vê a sair da água são as pessoas a cozinhar lá no fundo. Dizem que os fumos, tipo
fogo-fátuo que por vezes se elevam das águas junto com um cheiro a
pão de
milho cozido, são as mulheres a aquecer o
forno escondidas nos fundos e nas reentrâncias da bela lagoa.
Fonte:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Lenda_da_Lagoa_das_Furnas